Dia Mundial da Luta Contra a SIDA - reflexão

"Se voltasse atrás fazia tudo igual. Mas agora com preservativo"

(Por Romana Borja-Santos, em Glasgow)

 

Rui é um dos quase cinco mil portugueses com mais de 50 anos a quem foi diagnosticada sida. É toda uma realidade nova: aprender a envelhecer com a doença

 

Rui entra na atabalhoada sala repleta de medicamentos da instituição onde vive e confirma o que os olhos esverdeados translúcidos já tinham denunciado. "Olhe que eu sempre fui um homem bastante vivido e mulherengo", atira, como que a justificar que a cadeira de rodas que tenta posicionar não fez sempre parte da sua vida, que já soma 70 anos. A cadeira passou a ser sua companheira pouco tempo depois de ter tido o primeiro de três acidentes vasculares cerebrais. Desmaiou em casa e acordou no Hospital dos Capuchos, em Lisboa. As análises ao sangue complicaram o cenário: VIH positivo. "Soube há mais de seis anos que tenho sida. Logo eu, que achava que isso era coisa de toxicodependentes e de homens que andam com homens."
(…)
Comportamentos de risco
Rui, agora que já sabe como se transmite a doença, admite que teve "comportamentos arriscados". Casou ainda na casa dos 20 anos "depois de ter vivido muito", teve duas filhas e divorciou-se pouco depois. Somaram-se várias namoradas e relações ocasionais, de onde resultou um terceiro filho, agora com 18 anos. Era um galã. "Nos tempos de tropa fui eu que consegui andar com a menina da tabacaria, que era a moça mais jeitosa da zona."
O antigo segurança já perdeu as contas ao número de relações sexuais que teve. "Nunca fui assim com uma mulher com maus preparos. Escolhia sempre as mais ajeitadinhas e era o preferido das prostitutas, porque nunca fazia nada sem lhes oferecer comida e saber que não tinham fome", conta. Preservativo? "Na altura não se usava. Eu achava que isto da sida era para quem se drogava. Sempre tive muita sorte com as moças. Não tinha a aparência que tenho agora..."
(…)
Mas Rui não guarda rancor e assegura que toma "sempre todos os remédios" para "ainda andar cá mais uns anos". Quando tem problemas fala com a sua médica (agora é seguido no Hospital Egas Moniz) e garante: "Se voltasse atrás fazia tudo igual. Mas com preservativo."

Jornal Público, 01.Dez.2010

 

 

Para veres a notícia na totalidade, clica aqui: http://jornal.publico.pt/noticia/01-12-2010/se-voltasse-atras-fazia-tudo-igual-mas-agora--com-preservativo-20734567.htm

 

 

“Na altura, o Rui não sabia que qualquer pessoa podia ter SIDA. Andou com muitas miúdas sem tomar precauções, sem usar o preservativo, porque achava que não precisava! Mas a SIDA pode ser de qualquer um e temos que ter sempre muito cuidado e andar protegidos. Sem fazer análises, não sabemos se a pessoa com quem namoramos tem alguma doença…

O preservativo não é a única coisa importante. Temos que pensar bem no que fazemos e não agir no “calor do momento”… O que sentimos tem que estar de acordo com aquilo que pensamos!"

 

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Ana Filipa e Nuno

publicado por Ana Filipa às 15:12